sábado, 16 de janeiro de 2010

Só quem tem, sabe...




Cada um que chega ao Hospital das Clínicas, em São Paulo, chega com uma história de dor. A princípio, é uma dor na face que insiste resistir a todos os tipos de analgésicos disponíveis no mercado. O medo, a angústia, a ansiedade pela definição e diagnóstico aperta, sem piedade, o coração daqueles, que na longa caminhada, esperam por uma resposta.

Logo em seguida, inicia-se um processo de espera por uma definição e então o esperado resultado se confirma: o que não significa um alívio, mas a certeza de que a cura ainda é uma busca dos profissionais de saúde e a confirmação de uma trajetória complicada desses peregrinos. É a certeza de que não poderão se beneficiar da vida atribulada de um ser humano normal. É a certeza de que a dor será uma companheira fiel.

É assim que podemos definir o que sentem os portadores da nevralgia do nervo trigêmeo. Cada um que passou pelas portas do Ambulatório da Dor no Hospital das Clínicas em São Paulo, sem saber direito por onde começar, com certeza passou por vários profissionais, que por uma questão de desconhecimento da doença não conseguiram aliviar a dor de seu paciente.

Muitas vezes, pela insistência da dor, imaginou-se ser um problema psicológico, de ordem emocional ou talvez nervosa, pois que dor pode resistir a tantas terapias sem ao menos ceder e aliviar.

Que culpa tem esses profissionais de não conseguirem o diagnóstico correto. Se nem ao menos tiveram contato na sua formação acadêmica, ou no estágio, na residência, ou até mesmo no doutorado e no mestrado, enfim em toda sua carreira profissional. Julgá-los nesse momento não é o mais importante.
O mais importante é trazer a informação e distribuí-la por todos os canais de comunicação e assim tornar público para que esses mesmos profissionais possam ajudar de forma concreta seus pacientes portadores da nevralgia do nervo trigêmeo.

O objetivo maior da Associação Brasileira dos Portadores de Nevralgia do Nervo Trigêmeo é trazer informação sobre essa doença para o público técnico e leigo, buscar mais recursos privados e públicos para pesquisa de suas causas, conseqüências e tratamentos.

A Doença



A Neuralgia Trigeminal uma doença crônica da face, que afeta o nervo trigêmeo, o maior dos 12 pares dos nervos cranianos.
Os ataques dolorosos podem envolver um ou mais ramos, porém o mais comum é atingir o ramo médio e ou o inferior. E raramente são acometidos os três ramos. A incidência maior da doença ocorre no lado direito da face, podendo, também ocorrer de forma bilateral, porem em momentos diferentes e normalmente em crises separadas.
A Neuralgia do Nervo trigêmeo não é fatal e seus sintomas são dor facial em episódios curtos que aparecem e desaparecem rapidamente ou dor em choque aterrorizante causando grande sofrimento para o paciente.


O Início



A maioria dos pacientes é afetada pela Neuralgia nos ramos inferior e ou médio, causando dores nos dentes e gengivas.
Essa dor pode ser continua ou somente um aumento da sensibilidade da gengiva ao calor e ao frio, antes de aparecer a dor propriamente dita. Inicialmente o paciente busca ajuda profissional entre os rofissionais da odontologia. Essa fase inicial dificulta a esse profissional o diagnóstico correto. A Neuralgia pode parecer dor de dente, mas não é causada por problemas dentários.
Em seguida, o paciente, por não conseguir melhoras, inicia um longo processo antes do diagnóstico correto... Passa por dentistas, cirurgiões, otorrinolaringologistas entre outros. Inicia vários tratamentos e até mesmo cirurgias dentárias, enquanto a dor fica cada vez pior e mais latente.


O Diagnóstico



A Neuralgia Trigeminal típica tem sintomas específicos que a diferenciam das outras dores faciais. A dor é de curta duração, geralmente intensa e raramente contínua, parece um choque elétrico. A dor é geralmente desencadeada com um leve toque ou vibração na face como escovar os dentes, se maquiar, fazer a barba, tomar vento no rosto, um beijo suave, falar e até mesmo comer. A dor alterna períodos de piora e melhora que podem durar semanas ou meses com ou sem dor. Isso compromete muito todas as atividades rotineiras do paciente. Para fazer um diagnóstico preciso, os médicos recomendam o exame de ressonância magnética ou a tomografia Computadorizada da cabeça e exames de sangue.
Esses exames ajudam ao profissional a eliminar outras hipóteses de diagnóstico como esclerose múltipla.
Especificamente para a detecção da doença ainda não existe um exame específico. É muito importante que o paciente descreva precisamente qual é a área de dor e o tipo de sensação, como, por exemplo, pontadas, dor de intensidade constante, choques, queimação, etc, pois isso acabará definindo o diagnóstico e a melhor indicação de tratamento feita pelo profissional que estará avaliando.

A Causa


A teoria mais aceita é de que a cobertura protetora do Nervo Trigêmeo chamada “Bainha de Mielina” deteriora. Isso faz com que os sinais normais se interrompam e permitam que mensagens anormais sigam para o cérebro, isto é, um leve toque é traduzido como dor.
Essa mudança na cobertura protetora pode ser causada por compressão de vasos sanguíneos tumores, esclerose múltipla (que causa uma quebra da Bainha de Mielina dos Nervos), lesão do nervo ou avanço da idade.
Em alguns casos de dor facial são causados pelo vírus Herpes que causam o “cobreiro”, esta é a Neuralgia Pós Herpética, não é a Nevralgia do Nervo Trigêmeo.
E o tratamento é com medicações anti-virais e anti-depressivas que alteram a transmissão do nervo e diminuem a dor.


Quem é afetado?


A Nevralgia do Nervo Trigêmeo afeta Um em cada 25.000 pessoas, um pouco mais de mulheres do que em homens. Nos EUA são diagnósticos cerca de 15.000 casos novos. A maioria tem mais de 40 anos de idade, sendo o faixa etária de 50 a 60 anos mais atingida pela NT. Em menos de 5% dos pacientes existe história familiar.

No Hospital das Clínicas, em São Paulo, são atendidos, por semana, 15 pacientes de neuralgia no Ambulatório de Algias Craniofaciais. Aproximadamente 50 pacientes são atendidos no Ambulatório da equipe de Dor Orofacial, e 10 pessoas são atendidas na triagem. Além disso, são realizadas 4 cirurgias por semana.
A Cirurgia mais freqüente é a “Compressão do Gânglio Trigeminal com balão inflável percutânea”.
A equipe do Ambulatório da Dor, como é conhecido pelos seus pacientes, é formada por Médicos-Neurocirurgiões, Cirurgiões-Dentistas especializados em dor orofacial e psicóloga.




O Nervo Trigêmeo

Ramo Oftalmológico

Olhos, sobrancelhas, testa e frente do couro cabelu-do

Atinge 4% dos pacientes.

Ramo Maxilar

Lábio Superior, dentes superiores, gengiva supe- rior, bochecha, pálpebra inferior e lateral do nariz
Ramo Mandibular

Lábio inferior, dentes inferiores, gengiva inferior, lado da língua e região inferior do queixo até a frente da orelha.


Os Principais Medicamentos

O medicamento mais utilizado é a Carbamazepina. O alívio inicial é rápido e sua introdução é lenta e gradual até atingir a quantidade que o paciente fique sem dor e sem efeitos colaterais.
A Fenitoína é um utilizado principalmente em pronto-socorros e é administrada via edonvenosa.
O mais novo anticonvulsivo utilizado no combate da dor da nevralgia do nervo trigêmeo é a Gabapentina. Seus efeitos tóxicos é melhor tolerado pelo fígado e ele não sofre com a sua metabolização.
Como coadjuvante há o medicamento Baclofeno, que é um relaxante muscular que pode ser utilizado acompanhado de outros medicamentos.


Quando a cirurgia é a solução

O tratamento cirúrgico se faz necessário quando o tratamento medicamentoso não é mais eficaz.
Há vários procedimentos que hoje representam 80% de um sucesso iniciam e em 25% destes ocorre o retorno da dor entre 01 e 05 anos.
Os tratamentos cirúrgicos podem ser feitos através de injeções ou de bloqueios do nervo:

*RF – Rizotomia Percutânea por radiofreqüência
*Injeção de Glicerol
*Microcompressão Percutânea do Gânglio Trigeminal com Balão.
*DMV-Descompressão Microvascular Radiocirurgia estereotáxica
*Radiocirurgia LINAC e Gamma Knife.
Todos os tipos de tratamentos têm graus variáveis de sucesso a curto e longo prazo no alívio da dor.
A escolha do procedimento depende da preferência, das outras doenças existentes, das cirurgias prévias, e da presença de esclerose múltipla e do ramo do nervo afetado de cada paciente.


14 comentários:

  1. Olá estou recorrendo a pesquisas na internet e preciso do esclarecimento de um médico, há aproximadamente 4 meses a minha mãe vêm sentindo dores faciais que começam pelo nariz e se espalha entre olho e lábios, os episódios começaram após uma cirurgia de catarata que ela se submeteu, antes disso ela se encontrava num quadro de tristeza profunda após a morte do meu pai, seu companheiro por 30 anos, porém a mesma não fazia uso de anti-depressivos.Enfim depois de recorrer a ajuda de vários oftamologistas o parecer que davam era que não havia nenhum problema derivado da cirurgia e que o problema precisava ser analisado por um neurologista que por sua vez diagnosticou Neuvralgia do trigemio. Ela está fazendo uso de cabamazepina e apresenta coceira pelo corpo.Em relação as dores elas diminuem, mas não somem. Bom eu gostaria de saber qual a opinião de um médico ou pessoas com o mesmo problema. Por favor nos ajude , eu não aguento mais vê-la sofrer!!Estou desesperada, qnd terei minha mãe de volta??saudável?
    desde já agradeço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amiga procure um neurocirurgião.Qual a idade da sua mãe? Mora onde?
      Essa dor é horrível, digo pq tenho ou tinha, pois há dois dias fiz a cirurgia( a do balão) e estou em recuperação.

      Excluir
  2. Sofro de dores de cabeça crônicas há muitos anos,e estou criando um blog justamente para tentar ajudar as pessoas que passam por sintomas semelhantes.
    Estou enviando o endereço do meu blog, caso alguém possa se beneficiado com ele.

    http://doressemdiagnostico.blogspot.com
    Att
    Maria Amália Moraes

    ResponderExcluir
  3. Meu namorado tem dores horríveis relacionadas ao nervo trigêmeo. Com o frio as crises aumentam. Esta semana, descobri que golpes de ar frio podem originar as dores, por isso, desde o último dia 12.junho, sugeri a ele usar um gorro cobrindo o rosto, para manter a cabeça e o rosto aquecido. Ele disse que as pontadas diminuiram. Fica aqui uma sugestão aos sofredores deste mal sem muita solução até o momento.

    ResponderExcluir
  4. Ouvi dizer que o medicamento Etna é eficaz nas neuralgias e parestesias. Quais os efeitos secundários?

    ResponderExcluir
  5. Gostaria de postar para a Grazy:

    sofro há mais de 2 naos com a Neevralgia dos Trigemeos e o pior é que com 20 dias de uso a carbamazepina me causou Síndrome de Stevens Jhonson, alergia seríssima, que pode levar a óbito. Deus me livro muito, sofri por 40 dias, toda inchada, por dentro e por fora. Até hoje tenho manchas causadas pelas queimaduras. A alergia iniciou-se com muita coceira no corpo. Fique atenta com sua mãe.Devido à intolerância da carbamazepina, farei a cirurgia a céu aberto. Fico meses sem sentir dor, mas a cada vez que volta é violenta demais... já estava me sentindo uma pessoa fracassada.

    ResponderExcluir
  6. EXCELENTE O DESDOBRAR DESSE MAL QUE TANTO NOS FAZ SOFRER......COMECOU EM MIM COMO UMA DDOR NA GENGIVA SEM NENHIUM MOTIVO DE FERIMENTO, CAROCOS E TRAUMAS .EXCETO A PROTESE SUPERIOR FORCA MUITO A GENGIVA INFERIOR.....AINDA NAO FUI AO DENTISTA PORQUE NAO CREIO QUE ELE DARA UM DIAGNOSTICO CORRETO........ESTOU A TOMAR RELAXANTE MUSCULAR E O DIAZEPAM...O ESTRANHO E QUE A DOR NA GENGIVA VEM E VAI REPENTINAMENTE...ESSE ARTIGO E EXCELENTE...PARABENS...MARIA EULALIA DE SALES..

    ResponderExcluir
  7. ola meu nome e marileide tenho 28 anos ha uns tres meses atras derrepente começei a sentir dores fortes na minha gengiva de um lado do rosto essa dor veio tipo uma forte dor e depois passou mais voltava tipo que ia sair pela a gengiba a dor e uma dor insuportavel que vem e passa no mesmo tempo que vem rapidamnete passa mais as vezes vem a dor forte depois so fica ecomodando mais sempre volta a dor insuportavel eu acho que tenho esse nevralgia o que eu faço vou no dentista ou no clinico me ajude e uma dor insoportavel que vem passa e depois volta isso tem cura me ajudem

    ResponderExcluir
  8. Boa tarde, me chamo Marcelo Nogueira moro em Niterói - RJ e venho sofrendo com este mal há 3 anos, comecei com um cirurgião dentista removi um siso porém a dor persistiu e fui indicado a procurar um neurologista especialista em dor que me receitou ETNA e LYRICA para combater a minha dor neuropática. Iniciei o tratamento hoje e espero, lógico, melhora e cura, será que estou no caminho certo? Obrigado.
    Meu E-mail: nosmarc@hotmail.com

    ResponderExcluir
  9. Ao ler as postagens da Grazy e da Ana fiquei um pouco assustada com os comentários, meu esposo descobriu recentemente que também é portador da Neuralgia do Trigêmeo e está tomando a carbamazepina a dois meses e agora começou a ter reações alérgicas com muita coceira e algumas erupções na pele, além da dor ter voltado e alguns episódios de diplopia, ao consultar o pronto atendimento de um Hospital neurologico de Curitiba a Neurologista de plantão nos disse que a "alergia" não era da carbamazepina, deveria ser qualquer outra coisa, receitou fenergan e nos aconselhou a procurar um alergicista, contrariando o que diz a propria bula da carbamazepina, estamos aguardando a consulta com um neurologista que é especialista em Neuralgia do Trigemeo,mas enquanto isso ele permanece tomando a carbamazepina e o fenergan sem nenhum sucesso.
    Agradeceria se alguem pudesse nos dizer algo mais concreto a respeito.
    Grata

    ResponderExcluir
  10. Minha mãe sofre com a nelvragia desde a década de 90, no início ela se queixava de um possível pelo de escova de dentes que poderia ter entrado na gengiva, fez raio X e nada, então resolveu arrancar o dente para ver se melhorava, no início até sim, mas com alguns dias depois voltou as mesmas dores. De lá para cá a vida dela é feita de fases, há períodos em que ela sente pouco e em outros a dor não para. Quando foi descoberto que era nelvragia o nelrologista passou a carbamazepina, com o tempo o organismo dela "acostumou" e as dores não sumiam. Hoje ela toma a gabapentina e, ainda, a carbamazepina. Além de vários outros remédios como a amitripilina e um remédio de pressão. Ultimamente ela passa semanas no quarto se queixado de dores sem melhora, quando a vejo assim fico numa profunda tristeza, pois não sei o que fazer para vê-la melhor. A cirugia acredito ser muito arriscado, já que 20% são de insucessos. Gostaria que saber o que podemos fazer para sua recuperação, pelo menos para amenizar suas dores. Toda ajuda será muito bem vinda. (Se morasse em São Paulo a levaria no hospital da dor, mas residimos no Ceará, logo não tem como; sugiro que quem mora em SP aproveitem a equipe que deve ter muita maturidade em ajudar em sofrimentos como o de minha mãe.)

    ResponderExcluir
  11. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  12. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  13. Eu descobri ano passado que tenho neuralgia dos trigemeos . A 1ª vez foi na face esquerda , agora estou há 11 dias consecutivos na face direita. Tomei diversos analgesicos comprados com receita comum , através de minha dentista e de um otorrino . Não sei mais o que fazer , pois vi que o medicamento mais eficaz requer receita medica autorizada . Alguém pode me orientar sobre os procedimentos no hospital das clinicas ? Eu moro no rio de janeiro e não sei onde me consultar pelo SUS , pois não tenho plano de saúde. alguém pode me recomendar algo, por favor ?

    ResponderExcluir