quinta-feira, 18 de março de 2010

Entrevista - Dr° Cláudio Corrêa

Dr. Cláudio Fernandes Corrêa, com quase 30 anos de atuação profissional, é neurocirurgião especializado no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional. É coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho (São Paulo-SP), onde atende ambulatoriamente e realiza cirurgias e presidente do Instituto Simbidor, que realiza a cada dois anos, o Simpósio Brasileiro e Encontro Internacional sobre Dor.
Graduado pela Faculdade Federal do Triângulo Mineiro, também possui mestrado e doutorado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal do Estado de São Paulo. É membro das principais sociedades relacionadas à neurocirurgia e ao estudo da dor.





Segundo o Dr. Cláudio, a DOR, de uma forma geral, é responsável por cerca de 80% das consultas médicas realizadas mundialmente. E a Neuralgia Trigeminal, conhecida por ter como principal sintoma uma dor muito forte e aguda, de curta duração foi o fator decisivo para que se especializasse no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional.
A Neuralgia Trigeminal dá ao paciente a sensação de um choque elétrico ou um espasmo muscular na face, na distribuição dos ramos para a mandíbula, o maxilar e a região acima dos olhos. Acomete discretamente mais as mulheres do que os homens, acima dos cinqüenta anos, afetando substancialmente a qualidade de vida, já que seus portadores não conseguem falar, comer, escovar os dentes e, algumas vezes, nem mesmo pentear os cabelos em virtude da dor. Para alguns, é considerada a dor mais forte que acomete o ser humano, sendo descrita como causa de tentativa de suicídio, quando não tratada.

Apesar dos vários estudos a respeito da doença ainda não se sabe com exatidão os motivos do seu desencadeamento, e embora existam tratamentos medicamentosos paliativos para aliviar a dor, somente a intervenção cirúrgica consegue resolver o problema em definitivo em cerca de 80% dos pacientes.

As drogas que melhor atuam no controle da dor são: Carbamazepina e a Oxicarbazepina. Outras drogas usadas, mas com menor possibilidade de resolução são: Pregabalina, Difenilhidantoina, Baclofeno e Clonazepan.

Dentre as técnicas cirúrgicas, a mais indicada, tanto pelos resultados e segurança como pelos menores índices de efeitos colaterais, é a Cirurgia de Compressão do Gânglio de Glasser com Cateter Fogarty (balão). A intervenção, minimamente invasiva, leva de 1 a 10 minutos, em média, com o paciente podendo conferir os resultados imediatamente após a cirurgia.

Outras técnicas:

Neurotomia Retrogasseriana por Radiofrequência,
Neurotomia do Gânglio de Gasser com Glicerol
Microcirurgia Descompressiva
Radiocirurgia Estereoáxica

Para o Dr. Cláudio, ao tomar a decisão pela cirurgia, o critério a ser avaliado é a intolerância da dor ao tratamento com medicamentos (conservador). Os métodos percutâneos podem ser realizados mesmo em pacientes muito idosos e debilitados com outras doenças.

Os métodos percutâneos, embora alterem ainda que temporariamente a sensibilidade da face, não implicam em sequelas motoras e não evoluem para óbito. O método da descompressão neurovascular habitualmente não altera a sensibilidade da face, mas apresenta mortalidade que varia de 0,5% a 1%, de acordo com os autores.

Estatisticamente a Microcompressão do Gânglio Gasser com Fogarty, a Descompressão Neurovascular e a Neurotomia Retrogasseriana por Radiofrequência são os procedimentos que menos apresentam recidivas: em torno de 30 a 35% no prazo de cinco anos. O uso do Glicerol na técnica Neurotomia do Gânglio de Gasser envolve recidivas mais freqüentes, aproximadamente 50% em 2 anos.

Cerca de 70% dos pacientes tratados pelos métodos cirúrgicos mais eficazes não mais apresentarão a dor. Os demais poderão apresentar recidiva da dor e o método de tratamento poderá ser repetido.
Embora descrita antes de Cristo, ainda não se sabe exatamente sua causa. Há teorias que procuram justificá-la através do envelhecimento, em que ocorreriam falhas na bainha protetora do nervo, gerando nestas áreas verdadeiras descargas elétricas. Outros procuram justificar um conflito vascular como causa.

No entanto, cerca de 40% de portadores da NT autopsiados não atestam essas teorias e, portanto, continua em aberto a certeza absoluta da etiologia dessa doença.


A Neuralgia Trigeminal tem a maior incidência entre pessoas acima dos cinqüenta anos, no entanto há o acometimento da doença em pessoas mais jovens. Para o Dr. Cláudio o aumento de diagnóstico, de uma forma geral, se dá pelo desenvolvimento dos meios de comunicação e desenvolvimento de especialistas na área. A maior incidência da doença na fase adulta permanece desde a descoberta da doença, porém, considerando a maior sobrevida da população, é possível que mais pessoas venham a desenvolvê-la.


Atualmente a maior dificuldade na realização do diagnóstico é o desconhecimento da doença por parte do profissional, especialmente quando não é um neurologista ou neurocirurgião especializado em dor.


Para se ter um atendimento especializado, o portador da Neuralgia Trigeminal deve buscar auxílio em serviços especializados em dor, onde os profissionais habilitados que poderão, durante a anamnese, obter informações claras de diagnóstico e análise das condições do paciente e até mesmo optar pela melhor conduta medicamentosa ou cirúrgica.

Serviço:Dr. Cláudio Corrêa
Rua Peixoto Gomide, 515 cj. 144
São Paulo – SP
Fone: (11) 3283-3305
E-mail: info@claudiocorrea.com.br

terça-feira, 2 de março de 2010

Estou sofrendo, mas muito mesmo!

“Sou novata ainda no assunto, mas já estou destruída, destroçada, sentindo-me como um pano de chão velho, um esfregão furado... Chego mesmo a pensar em depressão por conta desse sofrimento que me fragiliza...

Esta desgraça me acometeu em setembro de 2008 e estou sendo tratada, por uma neurologista, à base de famosa Gabapentina, quatro vezes ao dia.

Fora isso, me entupo, me encharco de Novalgina + Tylenol + Dorilax + bolsa de água quente envolta em toalha úmida colocada sobre o rosto quando a dor vem e acaba comigo. Porque, colegas, é uma dor que inutiliza a pessoa! Fico destruída até a próxima crise e assim sucessivamente...Aí tenho um período pequeno de sossego, uns dias sem dor para me recuperar e... ela ataca novamente. Brinco com amigos que parece possessão demoníaca! Vem e me destrói, me deixa arrasada, desmantelada...No meu caso, o gatilho da dor é a mastigação e aí vem a dor e ataca sobre tudo minha arcada dentária, os dentes superiores e inferiores e também os da frente, além da órbita do olho, do ouvido e da bochecha, tudo só de um lado, o esquerdo. Dói até o cabelo! Nunca tinha sentido dor no cabelo antes!

Também observo que estou histérica mesmo quando sem dor. Muito nervosa. Não tenho paciência com nada nem com ninguém. Por isso fazer um esforço sobre humano para "comportar-me bem". Minha vontade é berrar, dar ataques...

No início pensei que fosse um problema dentário horrível, pavoroso, e gravíssimo, mas não era. Era a Neuralgia do Trigêmeo.”

Cecília Resende, 52 anos (Rio de Janeiro – RJ)