segunda-feira, 11 de junho de 2012

Prezados Senhores,

Apresento a todos, Dr. Tiago Freitas, Neurocirurgião de Brasília, que gentilmente nos concedeu uma excelente entrevista sobre a Neuralgia Trigeminal.

Boa leitura!

Eliana Curcio


Drº Tiago Freitas, Neurocirurgião
Especialista no tratamento de dor CRÔNICA, distúrbios do movimento, epilepsia e cirurgia psiquiátrica, Dr. Tiago Freitas fez residência de Neurocirurgia em Hospital de Base de Brasília – DF, especialização no tratamento de dor CRÔNICA no Hospital das Clínicas de São Paulo (USP) e posteriormente, já em 2006, fez especialização no tratamento de dor CRÔNICA, distúrbios do movimento e epilepsia em Cleveland Clinic Foundation, Center of Neurological Restauration, Ohio, Estados Unidos.
Após retornar ao Brasil, iniciou suas atividades no sistema público no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e posteriormente no Hospital de Base (DF) e em clínicas privadas como a SOS Neurológico (Hospital Santa Lúcia) e Neurocentro (Centro Clínico Sudoeste).
Atualmente é membro da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Funcional e Esterotática (SBENF) e Secretário da Sociedade Brasileira de Neuromodulação (Capítulo Brasileiro da INS: International Neuromodulation Society) e trabalha no Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital de Base do Distrito federal (HBDF), Hospital Santa Lúcia e outros hospitais de rede privada de Brasília.
O Dr. Tiago nos conta que o termo Neuralgia corresponde à “dor no trajeto de um nervo ou de seus ramos” e trata-se, portanto, de uma Síndrome Dolorosa Crônica de natureza neuropática que acomete o nervo trigêmeo. “Como o próprio nome diz, o nervo trigêmeo possui três ramos: o oftálmico, mandibular e o maxilar, responsáveis pela inervação sensitiva da face. De duração fugaz e às vezes contínua, intercaladas por períodos de acalmia, a Neuralgia Trigeminal caracteriza-se clinicamente por crises de dor com forte intensidade, lancinantes e geralmente descritas pelos pacientes como “fincada”, facada, pontada, relâmpago e é extremamente limitante, impedindo que a pessoa tenha domínio das atividades de vida diária e profissional”, conclui Drº Tiago.
Atividades rotineiras como comer, barbear o rosto, sorrir, contato da face com vento pode desencadear a dor. Normalmente a Neuralgia apresenta o acometimento unilateral, conhecida como Neuralgia Trigeminal Clássica ou Essencial e mais raramente pode ser bilateral,  e cursa sem alterações de sensibilidade objetiva ao exame física. Quando essa situação se faz presente, deve-se suspeitar de causas secundárias que podem estar causando a dor, como tumores, doenças desmielinizantes, etc.
Pessoas da Terceira Idade são as mais acometidas pela doença, entretanto pode-se manifestar em pessoas mais jovens e atualmente, com a melhoria de conhecimento, divulgação pelos meios de comunicação e melhoria no processo de formação dos profissionais, a incidência de acertos em diagnóstico tem aumentado. Ainda assim, existem muitas pessoas sofrendo que perambulam por diferentes profissionais médicos e odontológos sem ao menos saber que a causa da dor é a Neuralgia Trigeminal.
Atualmente acredita-se, assim como a maioria das doenças, que a Neuralgia Trigeminal essencial ou primária seja desencadeada por um conjunto de fatores genéticos e ambientais. Durante muitos anos acreditou-se apenas na teoria mecânica de que a doença seria causada pela compressão vascular do nervo por uma artéria intracraniana, teoria esta que levou ao desenvolvimento da técnica de tratamento cirúrgico.
Estudos posteriores mostraram que, na população em geral, há inúmeros de indivíduos que não apresentam neuralgia trigeminal e que possuem exames de angiorressonância mostrando compressão do nervo por um vaso sanguíneo, assim como há pacientes que apresentam a neuralgia trigeminal e que não apresentam compressão do nervo por algum vaso.
Baseado nesses estudos verificou-se que possivelmente exista uma alteração de funcionamento do nervo trigêmeo, que também levaria ao desenvolvimento dos sintomas da dor. Mais recentemente, alguns trabalhos mostram alterações denominadas “canalopatias”, ou seja, mau funcionamento dos canais de íons da bainha do nervo trigêmeo, que poderiam ser a cauda do mau funcionamento do nervo.
Para o Dr. Tiago, a técnica mais eficiente de tratamento cirúrgico é a Microdescompressão, seguida pela técnica percutânia por radiofrequência e pela técnica da compressão pelo balão: “Entretanto inúmeros fatores devem ser considerados na escolha de uma técnica ideal para cada paciente, e costumo dizer que as técnicas devem ser personalizadas para cada um, de acordo com: idade, ramo acometido, estado físico, etc”. , complementa.
Primeiramente o paciente deve ser considerado intratável clinicamente, ou seja, não responder ao tratamento com um ou mais medicamentos e/ou apresentou intolerância aos mesmos. Após este diagnóstico geralmente os pacientes mais jovens e com melhor condição clínica têm preferencialmente o tratamento direcionado para a microdescompressão. Nos pacientes mais idosos e/ou com condição clínica mais debilitada as técnicas percutâneas são as mais indicadas (radiofrequência e balão).
Todas as técnicas devem ser discutidas e expostas, com seus resultados, riscos e benefícios, aos pacientes, que também devem opinar na escolha do melhor método. Outra consideração importante é a experiência do cirurgião com cada um dos métodos, visando melhor resultado e menores complicações.
Uma técnica que não é tão recente e ainda pouco utilizada no Brasil consiste na Radio cirurgia (lesão do nervo por radiação) e que apresenta ainda resultados inferiores aos métodos cirúrgicos já consagrados.
Infelizmente, todas as técnicas cirúrgicas apresentam riscos de complicação, assim como todos os procedimentos cirúrgicos em geral.
Veja na tabela abaixo os riscos:

 
Técnica de microcirurgia (descompressão microvascular)Risco de óbito de 0,2 a 2%
Infecção 3%
Hematomas3%
Vazamento de liquor 3%
técnica de radiofreqüênciaRisco de morte <0,1%
Anestesia dolorosa 5%
Ceratite de córnea 8%
Hipoestesia18%
Na técnica de balão  (micocompressão)Mortalidade <0,1%
Anestesia dolorosa <1%
Ceratite <1%
Hipoestesia<8%
Atualmente, segundo Drº Tiago, as técnicas cirúrgicas apresentam um alto índice de controle completo da dor em longo prazo, sem uso de medicações, variando de 65% a 75% dos pacientes submetidos à cirurgia. “Acredito que com o avanço do conhecimento da doença e de seu funcionamento se desenvolvam terapias moleculares específicas e que levarão à cura da doença”, conclui.
Para aqueles que ainda conseguem controlar a dor através da medicação, as drogas mais indicadas e que possuem evidência científica na literatura médica são: carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína, gabapentina, baclofeno, etc.
Uma medicação relativamente nova para o tratamento de dor neuropática é a Pré-Gabalina, um bloqueador dos canais iônicos sete vezes mais potente que a gabapentina. Ele já vem sendo usado por alguns neurologistas e neurocirurgiões no tratamento da neuralgia trigeminal, entretanto grandes estudos ainda são necessários para afirmar sobre a sua real atuação.
Existem estudos com uso de novas medicações, como a Toxina Botulínica, injetada por técnica percutânea, entretanto ainda não são conclusivos sobre a sua real eficácia.
Um último conselho:
Na suspeita de Neuralgia Trigeminal, as pessoas devem procurar primordialmente por neurologistas e/ou neurocirurgiões, de preferência em serviços de referência universitária, pois são profissionais atualizados e com maios chance de diagnóstico. Dê preferência a profissionais que trabalhem com dor.




Serviço:
Drº Tiago Freitas - Neurocirurgia Funcional

Neurocentro: (61) 3346-0023 e (61) 3346-0633
Sos Neurológico: (61) 3445-1840