segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Estive na palestra do Prof. Dr. Siqueira, que oportunamente, esclareceu muitos pontos importantes sobre os tratamentos da Neuralgia Trigeminal. Também tive oportunidade de conhecer pessoalmente o Sr. Sérvulo, que também é portador de Neuralgia Trigeminal e que de forma muito generosa nos concedeu um depoimento sobre sua trajetória.

Boa Leitura!

Eliana Curcio



"Meu nome é Sérvulo, moro em Brasília e há cinquenta anos, quando eu tinha onze anos de idade, sofri um acidente de ônibus que mudou a minha vida pra sempre. Perdi parte dos ossos da região frontal do meu rosto.
Passei um longo período hospitalizado e a partir de então as dores passaram fazer parte da minha vida. Tentava aliviá-las com analgésicos e pior, como meu cérebro só estava coberto por pele, não pude ter uma infância normal. O simples fato de participar de uma brincadeira com as demais crianças representava um grande risco pra mim. Tive que conviver com essa triste realidade até os meus 21 anos, ocasião que os meus ossos pararam de crescer.
Quando finalmente pude ser operado, o cirurgião da Casa de Saúde Santa Terezinha no Rio de Janeiro substituiu os ossos perdidos por metacrilato. Mas as dores ainda eram muito intensas. E naquela época não acreditavam que essas dores eram reais, mas eram.

Quando se tornaram insuportáveis, o Dr. Beutner, que me acompanhou por toda minha infância e adolescência, me internou e nesse período fui submetido a tratamentos com antibióticos e analgésicos como Sossegon, que já nem mais existe, Dolantina e até mesmo Morfina. Permaneci internado por longos dias até que a dor diminuiu. Enquanto isso, o meu médico buscava sem sucesso, informações e soluções com médicos especialistas em neurologia e neurocirurgia.
Ao sair do hospital procurei o cirurgião que havia me operado e para minha surpresa, ele ria da minha situação e afirmava que não havia nenhum motivo que pudesse justificar aquelas dores.  O que ele achava? Que essas dores poderiam ser fruto de minha imaginação, meu emocional descontrolado? Não, de forma alguma, elas eram reais! Eu me fazia essas perguntas a todo o momento e não obtinha nenhuma resposta.

As crises eram insuportáveis, eram picos agudos da dor que apareciam do nada e por este motivo fui internado por diversas vezes em vários hospitais. Muitos médicos tentavam me ajudar, tentando descobrir a origem da dor, mas nada conclusivo.
Já em 1975, sob os cuidados do Dr. José Portugal, fui internado no Hospital Beneficência Portuguesa com uma crise muito forte. Naquele momento, sob efeito do desespero, medo e angústia, pensei em me atirar pela janela. Talvez a morte fosse a única forma de alívio.

Um pouco mais tarde, já como funcionário do Banco Interamericano para o Desenvolvimento, tive acesso a vários especialistas nos Estados Unidos, Argentina e México, mas, os medicamentos paliativos eram os mesmos e os diagnósticos imprecisos.
Nos anos 80, trabalhando na Áustria, Viena, como funcionário da ONU, estive várias vezes no Hospital AKH, sob os cuidados do neurocirurgião chefe, Na França, Suíça, Alemanha e Inglaterra e como tratamento, anestesiavam-me a fronte e me aplicavam injeções paliativas. E os diagnósticos foram desde fadiga, cansaço, falta de iodo no corpo e problemas psiquiátricos. O que me deixava cada vez mais frustrado.

Para entender um pouco o que acontecia comigo, fiz cursos para o tratamento da dor, acupuntura e tratamento homeopático. E como funcionário internacional, morei em seis países, o que me permitiu ter acesso aos inúmeros médicos e as várias tentativas de tratamento da dor.
De volta ao Rio de Janeiro, nos anos 90, fui paciente do Dr. Paulo Niemeyer e pela primeira vez tive um diagnóstico, ainda não muito preciso, mas que dizia que havia algo de errado com o Nervo Trigêmeo. Receitou-me Tegretol e posteriormente me falou de uma possível cirurgia que deixaria a testa e o couro cabeludo adormecidos, contudo me aconselhou a esperar.

Em 2000 estive por duas vezes na China e procurei por terapeutas da medicina tradicional chinesa, pois eu acreditava que a medicina milenar chinesa poderia ter alguma solução para o meu problema, mas também não obtive resultados.
No final de 2001, um colega professor da Universidade de Zurique, comentou sobre um tratamento para neuralgia do trigêmeo em Munique no Hospital Bogenhausen, que poderia ajudar-me.

Depois de tantas tentativas e frustrações, resolvi procurar o Prof. Dr. Lumenta, neurocirurgião chefe do Hospital Bogenhausen e atualmente do Hospital de Schwabing (também em Munique). Levei radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas caso fossem necessárias. Ele examinou meticulosamente e diagnosticou como sendo um tipo de arranhão na primeira haste direita do trigêmeo e me recomendou uma cirurgia, a qual não seria definitiva, todavia me diminuiria consideravelmente as dores.
Em 2002 foi realizada primeira cirurgia, ele examinou o estado do nervo e fez uma termo-coagulação acompanhado de outros dois médicos e de um cirurgião plástico.  A dor desapareceu, e após alguns dias sentia como se estivesse me faltando algo, até que percebi que o que me faltava era a dor crônica.

Com o passar do tempo o nervo voltou ao estágio inicial e as dores voltaram. Entrei em contato com o Prof. Dr. Lumenta e usei Carmazepina por algum tempo e quando as dores são fortes, uso Tramal (50 ou 100 mg). Até poder estar com o Professor novamente e, ele fazer o que achar melhor ou uma infiltração direto no nervo ou outra cirurgia. Mas as dores não são mais tão intensas como antes.
Em Munique, por meio de um amigo, conversei com o Médico responsável por autorizar aposentadoria aos portadores de qualquer enfermidade na cabeça, para maiores informações.  Ele explicou-me em detalhes as conseqüências desta neuralgia e os possíveis tratamentos, sendo que alguns são simplesmente paliativos. Ademais, a neuralgia do trigêmeo pode ser passageira ou crônica.

Aqui no Brasil, sou assistido por um brilhante neurocirurgião, o Dr. Mauricio Avelino, que procura controlar as dores com Gabapentina e quando necessário com outros medicamentos. Mas, quando a intensidade se torna insuportável não cede, vou até o Prof. Dr. Lumenta.
Normalmente o indivíduo portador da Neuralgia Trigeminal é uma pessoa triste, com alteração de comportamento e muita dificuldade nos relacionamentos familiares, pessoais e profissionais. Além da dor, temos que conviver com as incompreensões, as frustrações, os medos, as inseguranças e o mais difícil de tudo, a incerteza de que, um dia, essa dor terá, definitivamente, a cura."

 Sérvulo Vicente Moreira

7 comentários:

  1. Tenho uma paciente com neuralgia trigeminal, não sei mais o que fazer, preciso que alguem me ajude.

    Dr. Gilberto Mendes

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    1. Dr Gilberto, sou apenas uma paciente, de dores de cabeça agudas recorrentes, tenho um blog e acredito que cada um de nós pode dar uma pequena contribuição com nosso compartilhamento. Se quiser dar uma olhadinha no blog, conto um pouco da minha história. Att
      www.doressemdiagnostico.blogspot.com.br

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  2. meu pai tem nervalgia do trigemio é horrivel não sabemos mais oque fazer a dor é alucinante enlouquece toda a familia. Precisamos de ajuda tambem mau email é ac.conti@pop.com.br

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  3. EU CLEUSA SOFRO COM ESSA TAL NEVRALGIA A QS NOVE ANOS JA NAO AGUENTO MAIS SOFRER COM ISSO ACHO Q VOU ACABAR ENLOUQUECENDO DE TANTA DOR,DE TEGRETOL PRA CIMA JA OERDI A QUANTIDADE DE REMEDICOS Q TOMEI E MEDICOS Q PROCUREI EXAMES DE TDA A ESPECIE JA FIZ E NAO TENHO RESPOSTA E NEM A CURA,SE TEM ALGUM MEDICO OU ALGUEM Q JA PASSOU OU PASSA POR ISSO POR DEUS ME AJUDA CLEOOLIVERUSA@HOTMAIL.COM

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  4. SR Sérvulo,TD BEM LI SEU DEPOIMENTO E FIQUEI COMOVIDA,EU TBM SOFRO MUITO COM ESSA NEVRALGIA MEU DEUS FOLTO FICOR LOUCA,ME AJUDA POR DEUS NAO AGUENTO MAIS ABRACO FIQUE COM DEUS.MORO EM CEILANDIA-DF cleooliverusa@hotmail.com por DEUS me ajuda.

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  5. oi sr servulo,eu tambem sofro dessa ------ dor nao aguento mais ,nem falar posso que doi e muitoooooooooooooooo.
    trabalho com telemensagem,necessito e muito da voz.da no rosto testa tbm,nao sei onde mais,tomo tegretol cr 400 dose maxima de manha e a noite,tomo lyrica tbm,ate tramadon tomo trez caixas e paro e a infeliz nao alivia.me ajude por favor imploro.
    meu email é adriana_paiva_2007@hotmail.com

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  6. Sr. Servulo,
    Hoje fui pela enésima vez a procura de respostas para as minhas dores de cabeça agudas recorrentes. Em 2010, cheguei até criar um blog contando minha história e minhas andanças a procura de diagnóstico, pois achei que compartilhando minha história poderia estar ajudando alguém, afinal nada nesta vida é por acaso. Mas ano passado tive hérnia de disco lombar, que pinçou meu nervo ciático e posso lhe garantir que a dor de nervo ciático é tão cruel quanto a dor do nervo trigêmio. E neste caso, não era mais dores de cabeça, então achei que deveria dar um tempo para o meu Blog, apesar que ele continuou sendo acessado, mesmo sem novas postagens. Bom, com tantas medicações e terapias alternativas as minhas dores de cabeça foram mascaradas e eu achei que tinha descoberto o medicamento certo: amitriptilina, que havia começado a tomar um mês antes da minha hérnia de disco lombar. Mas todas as tratativas foram em vão, precisei fazer um Bloqueio Radicular no nervo ciático, com um excelente neuro-cirurgião aqui de Curitiba que resolveu meu problema de imediato, pois já se passaram 10 meses e eu não senti mais dores. Há 2 semanas entrei em crise de dores de cabeça, e como tenho sinusopatia e sinusite frontal e etmoidal aguda recorrente, (o nosso clima não ajuda muito, com as 4 estações no mesmo dia) quando fecham os seios paranasais que deveriam estar aerados, sinto que pressiona todo o meu nervo trigêmio e tenho dores horríveis, que só resolvem com injeção de Diprospan e antibiótico. Daí é tiro e queda, 2 dias depois de medicada já me sinto outra pessoa. Acontece que também tenho DTM e má oclusão dentária e mordida em topo, que é outra dor que vira e mexe me incomoda , alem da enxaqueca herdada da minha mãe. Sr. Servulo saiba que seu depoimento muito me sensibilizou e me fez enxergar muito mais além e ver quantas pessoas passam por situações bem piores que a nossa, inclusive as pessoas sem muito recurso financeiro que precisam enfrentar filas e péssimo atendimento na situação precária da saúde em nosso páis. Confesso que depois de ler seu depoimento, senti vontade de reativar meu blog, pois tudo que pudermos dar e receber de informações sempre nos fará bem, pelo simples fato de tentar ajudar alguém que passa por problemas semelhantes ao nosso. Ninguém merece viver com dor!!! Eu estimo que o Sr. melhore cada dia mais, minimizando suas dores até descobrirem uma solução para este problema. Se quiser dar uma olhado no meu Blog, fique a vontade. O nome é: doressemdiagnostico.blogspot.com.br

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